Endometriose Intestinal - Diagnóstico e tratamento
Por Dr. Nelson de Souza Liboni
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Definição
- Presença de endométrio ( glândula e ou estroma)além da cavidade uterina
- Atinge mais de 7 milhões de mulheres no Brasil
- Doença hormônio dependente
- Acomete peritônio, ovário, septo retovaginal e intestino
- A intestinal é quando atinge a camada muscular do intestino e classificada como profunda, pois endométrio cresce e invade o intestino com mais de 5 mm de comprometimento e invadindo ao menos a camada muscular da parede intestinal
- É a segunda forma mais comum da endometriose profunda ( primeiro lugar região retro cervical e ligamento útero sacro)
- Locais:
- reto 70%
- sigmoide 15%
- apêndice 6%
- Íleo 5%
- Ceco 4%
Sintomas
- Dores abdominais
- Alteração do habito intestinal ( obstipação ou diarreia) , sensação de evacuação incompleta
- Náuseas e vômitos , distensão abdominal
- Cólica antes de evacuar
- Dor pélvica crônica durante o mês. Cólica intensa, incapacitante ou progressiva
- Incomodo durante as relações (dispareunia)
- Fluxo menstrual intenso
- Dor no final da coluna ou região lombar baixa
- Dor no reto entre vagina e anus
- Estreitamento do intestino
- Sangramento nas fezes durante o período menstrual
- Infertilidade
- Obs: presença de sintomas e intensidade não esta ligada a doença intestinal. Quase todas as mulheres com endometriose intestinal têm lesões de endometriose profunda em outros locai
Causas e diagnostico
- Causas não são absolutas
- Demora 7 a 10 anos para diagnostico
- Suspeita clinica dos sintomas
- Exames de US transvaginal com preparo intestinal(melhor acurácia), em segundo a RNM, outros como a laparoscopia (colonoscopia e US trasnanal), tomografia. Eles se complementam.
- US transvaginal detecta as diferentes camadas acometidas pela doença e a porcentagem da circunferência acometida
- Lesões tipo iceberg com aparência superficial mas infiltração volumosa.Por isso importante exames pré operatórios
- CA 125 marcador importante no auxilio no diagnostico nos estágios mais avançados ( colhido nos 3 primeiros dias do ciclo menstrual)
Tratamento da Endometriose Intestinal
- Clinico – quando o tecido endometrial não se espalhou muito e sem sintomas importantes com utilização medicação hormonal.70% dos casos. Sem tratamento pode evoluir para endometriose intestinal. Usado em casos precocemente diagnosticados com agentes hormonais
- Cirúrgico – para reduzir a quantidade de tecido atípico e do interior do intestino. Principal tratamento por laparoscopia ou robótica. Falha no tratamento clinico e para casos mais avançados
- Precisa de acompanhamento para verificar a volta da doença
Tipos de cirurgias –laparoscópicas e robóticas
- Dependem do tamanho da lesão e das camadas acometidas
- Shaving- acomete somente camada muscular externa
- Ressecção em disco- lesão mais profunda, comprimento menor de 3 cm e envolvendo ate 30% da circunferência da alça .Pode não ser completa em 40% dos casos. Nem sempre suficiente a fibrose da camada muscular para envolver as lesões endometriais intestinais
- Ressecção intestinal- lesão maior que 3 cm ou envolvendo mais 30% circunferência do órgão
- Alguns autores preconizam tratamento clinico para redução da lesão e a intervenção cirúrgica menor
Endometriose e Câncer
- Doença benigna
- 1% relacionada ao câncer quando acomete ovários em 78% e 22% extra ovarianos
- Tecido endometrial ectópico aproxima do fenótipo neoplásico com invasão do estroma adjacente e associação a lesões a distancia
- Como câncer pode aderir a outros tecidos, os invadir e distorcer
- Teorias etiopatogenicas evolvem fatores de crescimento e citocinas associados com a regulação da multiplicação celular e neoangiogenese que podem atuar na carcinogenese
- Presentes alterações genes PTEN em 21% dos cistos endometrioides de ovários e bcl-2 e p53
- De acordo com concentração do conteúdo DNA genômica, as células podem ser caracterizadas em diploides( prognostico favorável) e aneuploides de DNA
Endometriose intestinal e Câncer
- Rara a malignização de endometriose intestinal e geralmente carcinomas endometrioides e raramente sarcomatosa
- Importante o estudo histológico dos focos de endometriose pois muitos se aproximam do fenótipo neoplásico
- Alguns já se mostraram estrógenos dependentes e casos de malignização após tratamento de progesterona
- Endometriose em nódulos linfáticos dependendo do tamanho da lesão, numero de lesões presentes e camadas da parede intestinal e circunferência
Classificação
- Histológica
- estromal (similar ao estroma de endométrio tópico em qualquer fase do ciclo
- glandular (epitélio superficial ou constituído espaços glandulares ou císticos associados a sinais de hemorragia previa).Apresenta subtipos como bem diferenciado, indiferenciado ou mista)
- Classificação de Nisolle e Donnez. Diferentes tipos com 3 doenças
- peritoneal com implantes superficiais no peritônio
- ovariana com implantes superficiais de ovário e endometriomas que são cistos típicos
- septo retovaginal
Evolução
- Desencadeia processo inflamatório local com fase reparadora criando fibrose e fases mais avançadas pode se tornar irreversível e resistente a terapia hormonal. Pode se estender a gordura e ao tecido conectivo perivisceral
- Cirurgia tem resultados bons , sem recidivas e de mortalidade e morbidade com equipe multidisciplinar especializada .Deverá ter acompanhamento após procedimento
- Implantes ate 2 cm acometem minimamente a parede intestinal
- Comprometimento mais profundo que a camada muscular interna relacionam mais 40% circunferência do reto
Conclusão
- Tratamento e diagnostico precoce melhoram prognostico e clinica
- Realizar exames sempre da suspeita da doença
- Iniciar tratamento clinico e cirúrgico para os mais graves ou com falhas clinicas
- Fazer investigação para realizar cirurgia assertiva
- Grupos especializados e multidisciplinares apresentam melhores resultados
- Lembrar apesar de baixa incidência da malignização